Quando empurramos para debaixo do tapete preocupações, medos ou estresse, nosso
corpo acaba dando sinais claros de que algo não vai bem. A relação entre mente e corpo é
inegável: ignorar o bem-estar emocional pode desencadear fadiga crônica, dores
musculares, insônia e até doenças mais sérias. Entender esses mecanismos é o primeiro
passo para retomar o equilíbrio.
A carga alostática descreve o acúmulo de desgaste no organismo causado por exposições
prolongadas a estressores psicológicos, resultando em disfunções no eixo HPA (hipotálamohipófise-adrenal), inflamação crônica e aumento do risco de doenças cardiovasculares e
metabólicas. Além disso, o estresse contínuo pode alterar hormônios como cortisol e
adrenalina, prejudicando o sono, enfraquecendo o sistema imunológico e provocando dores
de cabeça, tensão muscular e problemas digestivos.
Estudos com corredores de longa distância mostram que, embora a prática regular de
exercícios promova bem-estar mental, a falta de atenção às emoções pode levar a burnout
esportivo e síndrome de overtraining. Uma pesquisa demonstrou que corredores que
ignoram sinais de estresse apresentam maior incidência de lesões por uso excessivo e
queda de rendimento, mesmo mantendo indicadores fisiológicos estáveis. Por outro lado,
quando treinos são combinados a estratégias de escuta interna, há melhora no humor, na
autopercepção corporal e na prevenção de sintomas depressivos.
Transformar a corrida em um espaço de autocuidado potencializa seus benefícios físicos e
mentais:
– Executar corridas sem música ou notificações ajuda a notar sinais de fadiga, ajustar o
ritmo respiratório e aliviar a tensão acumulada no corpo.
– Em semanas de treinos pesados, incluir uma sessão leve de trote ou caminhada
regenerativa reduz o estresse subjetivo e acelera o processo de recuperação muscular.
1. Após cada treino, reserve 3 minutos para avaliar nível de dor, sono e estresse mental.
2. Anote em poucas linhas emoções presentes e níveis de energia após o seu treino. O
hábito ajuda a mapear gatilhos e progressos.
3. A cada 5 km, pare para um alongamento suave e respirações profundas, identificando
tensões antes que se agravem.
4. Programe dias de “recuperação ativa” focados em atividades leves e práticas de
relaxamento.
O primeiro passo é ouvir seus próprios sinais antes que o corpo seja obrigado a gritar.
*Nota: Este artigo tem caráter informativo e não substitui a orientação de profissionais
qualificados. Para diagnóstico e tratamento, baixe o app NextRun e consulte especialistas
na área.
– https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S002239562030916X
– https://www.frontiersin.org/journals/psychology/articles/10.3389/fpsyg.2021.624783/full
– https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0033318283732391